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17.9.08

o sonho da grande oca.

Assistindo ao documentário “O povo brasileiro”, produzido a partir da obra de Darcy Ribeiro, conseguimos perceber o quão diferente é a nossa vida quando comparada a de nossos antepassados, e compreender um pouco melhor os costumes e tradições dos índios que aqui estavam antes do Brasil ser enfim “descoberto”.
Um documentário cheio de detalhes e informações curiosas sobre os costumes indígenas, e que com certeza merece a atenção de qualquer um que tenha o mínimo de interessa na história de nosso país. Nele, dentre os vários comentários de jornalistas e pesquisadores, o que mais me chocou foi o comentário de Washington Novaes, quando diz que “o sonho do índio não se distingue da realidade”. Esta frase nos traz um choque de indignação e ao mesmo tempo nos faz pensar nas coisas que eram e ainda são importantes para os índios, e que para nós hoje já não são mais, ou o contrário, que também é válido.
Um índio não sonha? Ou será que nós é que não sabemos sonhar, e desejamos o que não é de nossa natureza?
A definição de sonho com o passar do tempo tem sido cada vez mais ligada à mesquinhez e à ambição de conseguir algo que em outros tempos não teria valor nenhum, como o dinheiro, o luxo e o status. Como um estagiário que sonha ser efetivo, o efetivo que sonha ser chefe e o chefe sonha em sempre continuar sendo chefe. Assim sua mulher também o sonha, para enfim realizar o sonho de um Mercedes na garagem e uma cobertura em Copacabana.
Os valores entre o povo brasileiro da época do descobrimento e de hoje em dia são completamente contraditórios, e nos faz ver o quão pobre se tornaram nossos pensamentos e objetivos. No mundo de hoje, onde a principal preocupação da maioria dos que aqui vivem é a beleza e o capital, até o canibalismo dos índios nos parece natural, pois assim como eles devoravam uns aos outros, nós também o fazemos aqui, mas de forma figurada, com a briga pelo poder, o desrespeito pelo próximo, a ganância, a concorrência, a falta de honestidade e outras atitudes da qual muitos ao menos sentem vergonha.
Quem então há de julgar se somos nós ou nossos antepassados indígenas que estão certos?
A natureza dos índios não se refere somente ao lugar onde vivem e o ambiente que os cercam, mas se refere principalmente às atitudes de respeito com o próximo, no amor que têm pela vida e na pureza de seus atos.
Teríamos sorte se todos nós pudéssemos aprender com os índios como viver em sociedade, cada um com sua tarefa, trabalhando não apenas por si, mas por toda a comunidade.
Quem dera então que nosso palácio do planalto pudesse ser transformado em uma grande oca, e que quem lá está pudesse construir com as mãos, que nos dias de hoje são usadas apenas para “cuidar” do dinheiro do povo.

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