O grande dia chegou. Chegou e passou, há mais de uma semana.
Pré-estréia recheada de críticos e intelectuais de rostos vis, que mal podiam esconder a ansiedade de desenvolver uma opinião sobre a tão falada dramatização de uma das maiores obras literárias já escritas.
A fidelidade nos detalhes foi perfeita e contínua. Cada diálogo era como se já estivesse na cabeça, que espalhava pelo corpo fazendo com que os poros se revelassem num arrepio que não queria mais deixar-me.
O declive da metade do filme em diante é evidente, o projetor parecia estar quebrado, fazendo com que o filme corresse, pulando pontos que com certeza deveriam ter recebido maior dedicação do diretor. A cena que se passa na igreja com certeza é uma delas, no livro o momento ápice de minha emoção, e no filme apenas uma cena da qual ninguém sentiria falta.
Comparado ao romance faltou muito, não se pode negar, mas isso está longe de tirar o brilho do fantástico trabalho feito por Fernando Meireles, que conseguiu filmar um filme infilmável, fez com que a belíssima obra de Saramago pudesse ser vista não só naquele círculo fechado e selecionado do pequeno mundo “culto”, não se sabe se só por vaidade ou por determinação, isso talvez nunca ninguém saiba.
Hoje ainda pela manhã, lendo a Ilustrada da Folha vi que o filme foi classificado como “regular”. Foi como se aquela velha frase de Fernando Pessoa tivesse brotado de algum lugar aqui dentro, e sussurrei “Arre! Estou farto de semi-deuses!”. Ri sozinha.
Não quero julgar a crítica ou o conhecimento de quem lá esteve a avaliar o filme, mas há de se entender que cada obra artística e literária não envolve somente técnica, mas principalmente paixão.
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