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24.10.08

raros.

Recebi hoje uma carta de Santiago.
Dizia que estava retornando, como se isso pudesse ser e fosse tão natural quanto pingos nos jotas.
Estava arrependido de me arrancar a carne e tornar meus dias eternas segundas-feiras. Queria me ver.
- Dio santo! O que fazer?
Rasguei suas palavras e frases e versos sem ao menos ler o endereço do encontro.
Ao menos lembrei-me de cheirá-la. Era mofo e cocaíca (O odor mais apaixonante que haveria de provar em vida).
Se nossa sintonia ainda estivesse presente, essa era a hora de confirmar.
Andei 32 quadras, descalça, desviando olhares e pedras.
Andei e subi e segui e suei e desci e corri e chorei.
Minh'alma bambeava dentro do corpo. Cheguei.
"Deve estar atrasado, como de costume" - pensei eu.
Enquanto o dia se esvaia, meu amor que tão prontamente voltou com sua carta, o acompanhava.
Os pés que tão fortes foram agora já não sustentavam o corpo.
Caí. Não havia ninguém por perto.
Se esse nosso lugar não fosse tão secreto teríam me achado em poucos minutos, e não em 3 semanas como de fato.
Inconsciente, indulgente, indigente.
Quando recobrei os sentidos lembrei-me de que o endereço não foi a única coisa que fiz questão de não ler, faltou também o dia.
O encontro seria no verão, os mensageiros estavam atrasados.
Ficou me esperando com água nos olhos e chapéu na mão, mas não atrás dos muros da praça em Seville, nosso lugar secreto.
- Em que pensavas?
Talvez não pensasse, por isso se deixou levar pelas ondas que ocuparam seu corpo.
É fácil, a sintonia foi se apagando com a passagem desses milhares de dias.
Não sofro com tua inda, pois você já não era mais o alguém por quem eu costumava me apaixonar, mas sofro, e sofro como nunca pela certeza dos amores acabados.

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